Faz quase dez anos que comecei a minha vida viajante.
Era julho de 2011 quando saí do Brasil, com mais três amigos, para um mochilão de 25 dias pela Bolívia e Peru numa rota clássica.
Uma viagem que seria para ser apenas mais uma, se não fosse o fato de eu ter percebido que na América Latina não faltam lugares, histórias e sabores que muitas vezes nem sequer imaginamos.
Desde então, viajar passou a ser algo muito importante na minha vida. No bom português, ganhei um novo vício. Economizar para viajar, ler sobre destinos que eu nunca tinha ouvido falar, fazer roteiros, e claro, mudar de planos, passou a fazer parte do meu dia a dia.
O mais curioso é que apesar de já ter esboçado alguns itinerários pela Europa e Ásia, na prática, nunca fui além do território latino-americano.
Dos 17 países que eu já tive a oportunidade de visitar, todos fazem parte da América Latina. E, veja bem, não estou me queixando disso. Afinal, de todas as casualidades que me levam a percorrer as sinuosas estradas pela Cordilheira dos Andes, a mais aceitável é a minha paixão pelo nosso continente.
# Uma paixão que se explica…
Não foi amor à primeira vista.
Na verdade, me senti assustado quando me vi no cenário caótico da fronteira entre Corumbá e Puerto Quijarro. E, mesmo não tendo nenhum problema na hora da imigração, passado esta etapa a coisa não melhorou muito.
Após fazer minha primeira refeição fora do país, em Santa Cruz de la Sierra, achei que meu estômago padeceria pelas próximas semanas.
Além disso, o barulho e a altitude de La Paz não foram recebidos com muita alegria.
Para completar minha saga pela Bolívia, a trilha pela lindíssima Isla del Sol me pareceu uma tortura sem fim devido ao calor escaldante, a minha falta de preparo físico e a pouca aclimatação.
Depois destas desventuras, que mais parecem reclamações de um adolescente mimado que saiu de casa pela primeira vez, quando cheguei ao Peru já estava mais habituado com as descobertas de uma primeira viagem. Inclusive, sentia falta quando nenhum imprevisto acontecia.
Já no território peruano, comecei a me dar conta de que mesmo estando tão próximo dos nossos vizinhos, eu não sabia praticamente nada sobre eles. Inclusive, foi somente a caminho da próxima parada do meu roteiro, que eu descobri que estava prestes a conhecer o segundo maior cânion do mundo, o Cânion do Colca. Que por sinal, é duas vezes mais profundo do que o Grande Cânion, nos Estados Unidos.
Acho que foi depois desta constatação que comecei a pesquisar, e consequentemente a me apaixonar, pela América Latina.
Para as próximas férias o destino escolhido foi a Patagônia. E mesmo com a expectativa nas alturas, a Argentina não decepcionou e ascendeu ainda mais esta paixão.
As paisagens do Fim do Mundo por si só já justificariam qualquer relação de amor com este país. No entanto, nem precisei chegar tão longe pra começar minha viagem com o pé direito.
Isso porque, nas primeiras horas em Buenos Aires pude contar com a hospitalidade e atenção dos portenhos, que de cara acabou com qualquer rivalidade Brasil x Argentina que pudesse estar me acompanhando.
No território uruguaio quem me conquistou foi a melancólica e tranquila Montevidéu. Me arrisco a dizer que a melhor atração da cidade não é nenhum ponto turístico, mas sim, observar seu jeito despreocupado de se levar a vida. E claro, sempre com a companhia de uma garrafa térmica debaixo de um braço e uma cuia na outra mão.
No Chile pude experimentar como é uma paixão relâmpago. Torres del Paine esteve no meu roteiro por poucos dias e me deixou com vontade de tentar uma relação mais duradoura no futuro.
Por outro lado, minha relação com a Colômbia foi intensa, afinal, passei quatro meses por lá. Assim como na minha primeira viagem, cheguei em solo colombiano sem saber muito sobre o nosso vizinho. E acredito que tenha sido por isso que as minhas descobertas foram tão apaixonantes.
Começando pela comida. Se durante meu primeiro mochilão meu estômago passou por poucas e boas, enquanto estive na Colômbia ele não tem do que reclamar. Prefiro não falar muito sobre as arepas, cayeyes, bandesa paisa, ajiaco, limonada de coco e suco de lulo, para não passar vontade.
As paisagens colombianas também podem deixar qualquer um com os sentimentos a flor da pele. No entanto, talvez nada seja tão encantador quanto o próprio colombiano: um povo pra lá de simpático, gentil e festeiro.
Por outro lado, com o Equador a relação começou morna, admito. Talvez, por ter passado tanto tempo em terras colombianas eu tenha sentido os equatorianos um tanto distantes.
Porém, aos poucos fomos nos conhecendo melhor. E mesmo que ele não estivesse a fim de muito papo, é impossível não tentar uma azaração com Cuenca, Laguna Quilotoa e Baños.
Pra compensar a frieza equatoriana, a aproximação com o Panamá começou pegando fogo: 30 ºC durante a noite não é pra qualquer um. Aliás, toda a América Central é capaz de reascender qualquer paixão.
E não pense que é apenas pelo clima quente e úmido. Suas belezas naturais, cultura e gastronomia também sabem como se comportar em um primeiro encontro. E, até mesmo as ruas bagunçadas de algumas cidades, o transporte confuso e o cenário caótico de certas fronteiras, têm um charme instigante que me conquistou.
Um flerte com uma praia caribenha aqui, uma aventura com um vulcão ali, e um chamego com uma Ruína Maia acolá. Antes mesmo de um contato com a simpatia do povo salvadorenho, ou de um caso sem compromisso com alguma cidade histórica charmosa, eu já estava hipnotizado outra vez.
Galanteador que só ele, o México fez questão de me mostrar que no seu vasto território eu poderia encontrar tudo aquilo que mais me fascina pela América Latina.
Sim, tudo o que mais me atrai em um único país! Durante nossa relação tive praia, cultura e comida farta. Tudo do bom e do melhor a um preço que eu podia pagar.
E claro, como falar das minhas paixões pela América Latina sem citar aquele amor que – veja só a contradição – mesmo sendo o mais antigo de todos, não faz tanto tempo que comecei a me dar conta das suas qualidades.
Não me culpo por isso, até porque manter uma relação estável com o Brasil não é tão simples. Apesar de fazer o estilo boa pinta, todo mês é uma novidade que me deixa com um pé atrás.
Um caso típico de amor bandido: a gente acha que ele vai mudar, torce pra que isso aconteça, mas é uma decepção atrás da outra. Pelo que percebi acho que pra nossa relação melhorar preciso mudar também. E acredito que este é um esforço vale a pena.
Por mais tentadora que seja a ideia de abandona-lo, ainda não descobri outros países que têm tantos destinos dentro de um só. Além do que, desconheço outros lugares onde eu possa comer uma legitima feijoada, coxinha e farofa.
Se você souber me avise! 😉
De paisagens eu gostei muito chile, patagonia ainda nao fui.
Do povo eu do clima quem me encantou foi a Colombia, mas especificamente San André e Cartagena.
Proxima parada depois da pandemia será o Mexico e se te rtmepo uma esticada em Belize.
Oi Charles, tudo bem?
Que bacana!
O México é bem legal também, viu!? Acho que irá gostar.
Abraço
Salvei seu posto como “inspiração para viagens”…
Adorei a maneira como escreve. Descobri a página por acaso, mas já está entre as favoritas! Parabéns!!!
Oi Aretha, tudo bem???
Que bacanaaa! Fico super contente em saber que gostou do post e do blog!! 🙂
Obrigado por passar aqui!
Abração
Que texto incríve! Amei e já estou com aquela vontadezinha de por a mochila nas costas e sai por ai nas ferias. Ainda não escoli mas acho que Colombia e Mexico vão me ganhar haha.
Oi Nathalia, tudo bem?!
Muuuito bom saber que gostou do texto!
Meus dois países preferidos na América Latina! 🙂
Então sou suspeito pra indicar algum… hahaha
Abraço!
Temos este amor em comum, definitivamente sinto uma paixão imensa pelo continente latino! Já até andei pisando em outros continentes, mas nada se compara ao nosso querido, lindo e bagunçado continente latino. Tamo junto!
Doido né?! hahahaha
Acho que bagunçado realmente o define muito bem… hehehe
Abraço
Que fofo esse post, Murilo, adorei a forma como escolheu falar de suas paixões!
Como você disse, nada como viajar para quebrar preconceitos: os argentinos sabem sim ser bem calorosos com os brasileiros.
Heeey Marcia, tudo bem?
Fico super contente em saber que gostou do post!!
Abração!
Oq voc~e comeu de estranho na bolivia? estou indo para lá e com medo desta parte kkkkkk
Faaala Bruno, beleza?!
Cara, acredito que o que tenha me feito mal foi uma lasanha… Só não me pergunte porque raios eu inventei de comer lasanha porque nem eu sei…
hahahahaha
Abraço!
Sou como você que amo o Brasil e a América Latina. Tenho maior orgulho das nossas belezas naturais e culturas tão diferentes! Mesmo viajando por um ano pela Ásia a Bolívia é ainda um dos meus países preferidos do MUNDO! Parabéns pela reflexão e pelo post 🙂
Oi Victoria!
É de se orgulhar mesmo, né?!
Abraço!
Sempre que penso em America Latina, penso no Volto Logo.
Realmente, você é uma inspiração pra gente explorar esses destinos maravilhosos.
Heeey Eloah….
Muito feliz pelo seu comentário! xD
Abraço
Murilo, um post super inspirador, não somente por causa das fotos maravilhosas.
Confesso que a América Latina está ainda faltando no meu álbum de figurinhas. Morando longe ainda não deu para encaixar. Mas para quem mora no Brasil é uma viagem “obrigatória”.
Abs
Que bom que gostou, Adelaide!
Realmente a América Latina vale muitas viagens! 🙂
Abraço!
Oi, Murilo.
Obrigada por indicar um texto do Sundaycooks 🙂
Também sou vidrada em viajar pela América Latina. São sempre experiências únicas!
Até
Heeey Natalie, tudo bem?!
Bom te ver por aqui…
É incrível mesmo, né?!
Abraço