Lembro até hoje quando meu colega de trabalho me convidou para viajar pela Bolívia e Peru. Confesso que foi um convite bastante inusitado para mim. Afinal, nunca tinha pensado em fazer uma viagem para esses países.
Depois dele me explicar rapidamente qual era a sua ideia, respondi que pensaria e que mais pra frente daria uma resposta definitiva. A trip era somente no ano seguinte, portanto, não havia pressa.
Seis meses se passaram e praticamente não tocamos mais no assunto.
Em janeiro de 2011 ele me perguntou se estava tudo certo para a viagem, pois no próximo mês compraríamos a passagem aérea.
Mesmo sem ter muita certeza de que era isso o que eu queria, disse a ele que estava confirmado.
Hoje, só posso dizer que essa foi uma das melhores decisões que tomei na vida.
Desde então foram muitas outras viagens, aprendizados e reflexões sobre essas andanças.
E, nesse post, quero compartilhar com você algumas das consequências que viajar trouxe para minha vida.
São algumas verdades que aconteceram comigo, com outros viajantes que conheço, e que muito provavelmente acontecerá com você quando começar a viajar.
Viajar: O nascimento de um vício
Logo depois de voltar da minha viagem pela Bolívia e Peru comecei a pesquisar sobre possíveis destinos para viajar nas próximas férias.
Como eu nunca tive aquele lugar dos sonhos para conhecer, todos os países me pareciam interessantes.
Depois de muito pesquisar optei por roteiro pela Patagônia.
Mas a verdade é que eu não tinha ficado muito feliz em deixar o Uruguai de fora dessa trip. Então, comecei a montar meu próximo roteiro de viagem antes mesmo de ter feito a anterior.
Como você pode perceber eu já apresentava sérios sintomas de que havia sido picado pelo tal bichinho dos viajantes. E que, de certa forma, já tinha adquirido um novo vício.
Se você ainda é imune a essa enfermidade, saiba que ao começar a viajar estará correndo sérios riscos de ser contaminado.
Não existe um momento pré-determinado em que o tal bichinho possa te picar. Pode ser em uma viagem de final de semana para uma cidade pertinho da sua casa, ou em um intercâmbio a oceanos de distância.
A qualquer momento ele pode te pegar.
E a partir de então, outras coisas começarão a acontecer na sua vida.
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As mudanças pessoais
“Ninguém volta sendo a mesma pessoa depois de uma longa viagem.”
É clichê, eu sei. Mas é a mais pura verdade.
Sair da sua zona de conforto, viver novas experiências e aprender sobre novas culturas, fará com que você mude de alguma forma.
Alguns hábitos, prioridades e até mesmo seu estilo de vida podem ser afetados depois de uma viagem com experiências marcantes.
Uma das coisas que me dei conta depois que comecei a viajar, é de como gastava muito dinheiro com coisas extremamente supérfluas no meu dia-a-dia. Desde então, penso ao máximo antes de comprar algo, reflito bastante se realmente preciso daquilo, e se não, a grana economizada é revertida para a próxima viagem.
Outra coisa, é que seus amigos provavelmente perceberão essa mudança e irão dizer que você voltou muito diferente, que não é mais o mesmo.
Na maioria das vezes eles falarão isso de uma forma negativa. Apesar de algumas pessoas realmente voltarem com hábitos não agradáveis (como por exemplo ficar falando mal do próprio país), isso nem sempre é verdade.
Mas não fique magoado com eles. Lembre-se de que tudo nessa vida depende de um ponto de vista.
A quebra de estereótipos
Há duas frases sobre viagem que refletem bem esse assunto. A primeira é de Mark Twain:
“Viajar é fatal para o preconceito, a intolerância e as ideias limitadas”.
A outra, é do inglês Aldous Huxley:
“Viajar é descobrir que todo mundo está errado sobre os outros países”.
Vivemos em um mundo cheio de estereótipos culturais: argentino é folgado e franceses não gostam de falar em inglês são apenas dois de muitos que existem.
Muitas pessoas ainda acreditam cegamente nisso, mas a realidade não é bem assim.
Claro que alguns argentinos podem não ser muito atenciosos ou serem até mesmo arrogantes. Mas a verdade é que muitos brasileiros também são assim. E muitas pessoas de qualquer outra nacionalidade também são. Ninguém escapa.
E é por isso que criar um estereótipo e generalizar toda uma população em cima disso, é extremamente perigoso e incoerente, na minha opinião.
Digo isso com experiência de causa.
Uma das minhas preocupações quando estava planejando minha viagem pela Argentina era de como seria a recepção e tratamento dos nossos hermanos. E, para a minha surpresa, não poderia ter sido melhor.
Logo no primeiro momento que precisei de ajuda para saber em qual ponto de ônibus descer, eles não só me informaram, como também me acompanharam até o hostel em que fiquei, já que desceriam no mesmo lugar.
E foi com muita simpatia e atenção que fui recebido pelos argentinos durante os meus trinta dias por esse país.
Hoje, quando escuto algum comentário em que generalize os argentinos de forma negativa, não penso duas vezes em defendê-los. Afinal, fiz grandes amigos naquela terra.
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A saudade dos novos amigos
Umas das melhores coisas que trago das minhas viagens são as pessoas que conheço e os amigos que fiz.
Essas amizades, na maioria das vezes, seguem um script bem parecido.
Você conhece a pessoa em um hostel, bar, durante um passeio ou até mesmo por algum aplicativo de relacionamento.
Em poucas horas de conversa, parece que já se conhecem há anos e vivem experiências fantásticas juntos. Algumas, inclusive, serão lembradas durante toda a sua vida.
Depois de alguns dias (semanas ou meses) é hora de cada um seguir seu rumo, levando apenas as boas recordações e o contato do Facebook e Whatsapp.
Pode parecer um pouco triste. E de fato, saber que encontrar essa pessoa novamente dependerá de inúmeros fatores e que mesmo assim poderá levar anos, não é muito legal.
Por isso, quero que você esteja consciente de que despedidas e saudades serão duas coisas frequentes na sua vida de viajante.
Mas acredite: é principalmente por causa dessas amizades que a sua viagem valerá a pena.
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O risco de se tornar uma pessoa chata
Você viaja, vive coisas incríveis e quando volta tem uma porção de histórias para contar.
No primeiro reencontro com os seus amigos, todos eles – ou pelo menos a maioria – estão bastante empolgados e dispostos a ouvi-lo sobre as suas aventuras pelo mundo.
O tempo voa. E aquela ida ao bar não deu pra contar nem metade do que você gostaria.
Quando se encontram novamente você aproveita determinado assunto da conversa para comentar algo que aconteceu durante a sua viagem. O pessoal escuta mas sem grande empolgação, ou pelo menos não como você gostaria.
Vai por mim. Se você continuar falando, falando e falando de coisas que aconteceram quando estava viajando, há grandes chances deles começarem a te achar uma pessoa chata.
E não é que suas histórias sejam sem graça. Mas é que eles não viveram aquilo com você. E provavelmente não estão interessados em saber dessas suas vivências mundo afora. Por mais entusiasmado que você esteja, não conseguirá transmitir para eles toda aquela emoção que você sentiu.
A minha sugestão para que você não se torne o tal cara que só sabe falar das suas viagens, é que só fale sobre elas quando alguém te perguntar. E ainda assim, somente se a pessoa realmente demonstrar interesse em saber os seus causos.
Não é fácil. Eu mesmo tenho sérias dificuldades com isso.
A minha sorte é que tenho alguns amigos que realmente se interessam por esse tipo de conversa.
Pelo menos é o que eu acho. Ou será que já me tornei o tal chato e nem percebi? Se algum amigo meu estiver lendo esse texto, favor deixar um comentário sincero abaixo!
Seu blog é mt bom.
Oi, Carolina, tudo bem?
Fico feliz em saber que gostou do blog.
Abraço
Minha vida nunca fez sentido, agora estou entendendo o motivo, eu preciso ser uma viajante.
Oi Maristelha, tudo bem?
Viajar não resolve tudo, mas que é bom demais, isso é! hehehehe
Abraço!
adorei seu blog. parabéns! viajar vira sim um vicio, mas um vicio bom! Minha filha atualmente com 14 anos já na mesma vibe. Atualmente ando sofrendo de saudades apos 1 mês na Indonésia, uma experiencia incrível.
Oi Veronica, tudo bem?
Muito feliz por saber que gostou do blog! xD
E que bacana que sua filha já está no mesmo caminho! hehehe
Abração
Muito bom Murilo! Eu tenho 57 anos e ainda “mochilo”, muitas vezes sozinha, pelo mundo. Identificação total. Adorei te achar e algumas dicas que me serão úteis para viagens futuras. Não consigo parar de ler teus artigos..kkkkk . Fico feliz de ver um autêntico espírito mochilero!!!!! Obrigado
Margarete
Oi Margarete, tudo bem?
Fiquei muito feliz com seu comentário e por saber que gostou do blog! 🙂
Abraço!
Que post ótimo!
Bom saber que gostou, Beatriz!
Abraço