Dicas e roteiros de viagem pela América Latina

Por Murilo Pagani

7 situações em que não há portunhol que resolva [De Acuerdo?]

Foi somente depois de três meses morando em Medellín que eu parei de fazer confusão ao pedir um guardanapo.

Por inúmeras vezes em que eu achava que estava pedindo um pedacinho de papel, o funcionário do restaurante me trazia uma faca, um garfo ou qualquer outro utensilio que eu não precisava, mas que também não tinha decorado o nome em espanhol.

A única coisa que eu tinha certeza, depois de algumas tentativas mal sucedidas de aproximar o nome em português para a língua irmã, é que para estes itens não havia portunhol que ajudasse.

Uma simples mímica seria mil vezes mais eficiente do que tentar encontrar uma palavra “aportunholada” para guardanapo, faca ou garfo.

A verdade é que, apesar da língua portuguesa e espanhola compartilharem diversas semelhanças, há também um oceano de diferenças. E, são estas diferenças, que costumam causar situações divertidíssimas durante uma viagem.

Embora muita gente defenda que o idioma português e espanhol são irmãos gêmeos – dos idênticos – neste post eu irei te provar o contrário.

Mas é claro, não pense que por causa disso você precisa dominar o tal castellano antes de viajar pela América Latina. Saber o básico certamente facilitará sua vida e parecerá simpático da sua parte, mas um pouco de mímica renderá boas histórias e deixará sua viagem mais engraçada.

Portanto, não se acanhe. Use e abuse do seu portunhol – apenas saiba que, nem sempre, ele será 100% eficaz.

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1- Guardanapo, faca e garfo

E já que citei o trio calafrio, começarei por eles. Acredito fortemente que o meu maior problema naquela época não era decorar a palavra para guardanapo.

A grande questão que me confundia, é que seus companheiros de mesa também não têm nomes nem um pouco parecidos na língua portuguesa. E era a falta de ter com o que assimilar que me desorientava.

Por exemplo: eu não tinha a menor dificuldade em pedir uma cuchara, já que nossa correspondente em português – a colher – também se escreve com a letra c.

Por outro lado, me faltou criatividade para relacionar servilleta, cuchillo e tenedor, com guardanapo, faca e garfo, respectivamente.

Foi só depois de inúmeras idas a restaurantes e algumas aulas na mesa de bar, que eu consegui abandonar a mímica para pedir estes objetos.

2- Frango, presunto e morango

Ainda no departamento gastronômico, não faltam situações em que gastar nosso portunhol não dará em nada. Nestes três casos, porém, o aprendizado costuma ser mais rápido e menos confuso.

Com a popularidade do frango em terras latinas, não é difícil decorar que – apesar de nada parecido na língua portuguesa – seu nome em espanhol é pollo.

Já o trunfo do presunto é que muitas vezes seus pratos são acompanhados com queijo. Aí fica fácil deduzir que jamón y queso significa presunto e queijo.

E para o morango, apesar de eu quase nunca precisar falar tal palavra, duas sílabas descomplicadas resolvem o problema: fresa. Caso não te entendam, recorra ao seu outro nome, frutilla.

3- Pagar com cartão de crédito

Sinto lhe informar, mas você não conseguirá pagar sua conta com um “cartón de crédito”. Já com uma tarjeta de crédito suas chances aumentam, ainda que esta forma de pagamento não tenha se popularizado nos demais países da América Latina, na mesma proporção que no Brasil.

O bom e velho pagamento em dinheiro será sempre bem visto e, provavelmente, te entendam caso diga que irá pagar en dinero. Mas a maneira adequada para esta situação é pagar en efectivo.

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4- Achar

Em português, utilizamos o verbo achar a toda hora, seja para dar nossa opinião sobre determinado assunto, ou para se referir que encontramos algo que estava perdido. Em espanhol, no entanto, há dois verbos diferentes para estas situações: creer e encontrar.

Eu sei, estes verbos também existem na língua portuguesa. E por isso, quando falantes da língua espanhola o pronunciam, entendemos o que eles querem dizer.

Porém, o grande dilema é que a maioria de nós, brasileiros, utilizamos o verbo achar para estes contextos – tanto em português como em portunhol.

Porém, o verbo achar não é usado em espanhol, o que acaba dificultando a compreensão do que queremos dizer.

Sem dúvida esta é uma troca bastante simples que podemos incorporar no nosso portunhol, e que trará benefícios incalculáveis.

5- Perto, cedo e ontem

Este é outro trio que não fará o menor sentido caso você tente pronunciá-los em uma versão “aportunholada”. Assim como no primeiro exemplo, falar estas palavras em espanhol não é nada parecido com o nosso português.

Se por lado a palavra longe tem a conveniência de começar com a mesma letra de lejos, você precisará de outra técnica para não esquecer que para indicar que algo está perto, está – em espanhol – cerca.

Para dizer cedo não será diferente. Descubra alguma maneira de fazer com que seu cérebro entenda que na língua espanhola, você deve dizer temprano. Já para se referir a algum evento que será muito tarde, pode usar tarde mesmo.

Igualmente diferente da nossa língua é falar ontem, no caso, ayer.

6- Rua e rodoviária

A situação é típica durante uma viagem: você está perdido e precisa descobrir os nomes das ruas ou o caminho até uma rodoviária.

Vai por mim: se você pedir a informação pronunciando rua e rodoviária – mesmo que com os primeiros erres alongados – as chances de te entenderem serão praticamente nulas.

Agora, se você substituir rua por calle, e rodoviária por outra palavrinha que também existe em português, a situação muda completamente. Diga terminal de bus, e você terá as portas de todos os ônibus abertas para você.

Leia também: 8 erros que cometi no meu primeiro mochilão

7- Cortar o cabelo

Você já cortou o cabelo em outro país? Acredite, é uma experiência inesquecível. Se no nosso dia a dia já custamos a trocar de cabeleireiro por receio de não acertarem o nosso corte, imagina que além de experimentar os serviços de outro profissional, você não terá certeza se ele entendeu o seu portunhol meia boca.

Porém, antes mesmo de dar qualquer explicação sobre o seu penteado, você precisa calibrar o espanhol para descobrir onde há um cabelereiro, ou melhor, um peluquero.  

*** Fonte da foto de capa em destaque: Shutterstock

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Murilo Pagani
Introvertido de carteirinha com picos de sociabilidade quando necessário ou depois de alguns goles de cerveja. Queria saber escrever bonito, mas cultivo um enorme apego à desculpa de que sou originalmente de exatas para justificar a minha falta de dedicação em combinar as palavras uma depois da outra. Espero que entenda!
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Comentários:
Sandra Santos disse:

Imagine minha situação quando, em minha primeira viagem ao Chile (há 30 anos), precise de um simples absorvente íntimo… Um dia eu conto! 😀

tomaz disse:

fala brother muito bom esse blog aqui.
me ajudou bastante com dicas e pontos turisticos assim sendo uma maneira mais objeitva e nao perder tempo.

forte abraço!!!

Murilo Pagani disse:

E aí, Tomaz, tudo bem?

Bacana, fico contente em saber que gostou das dicas! =)

Abraço!

Murilo P. Souza disse:

Mesmo tendo conhecimento mais que básico de espanhol, já tive dificuldades de entender ou comunicar-me. Em Montevidéu, taxi se pede por telefone e sempre que chamava um, a atendente não entendia meu nome. Tinha que mudar para o equivalente em espanhol, Murillo, com a devida pronúncia platense. Até que uma noite no trabalho, cansado, chamei e me lembrei que passava uma novela na tv com um personagem xará. Ao perguntar: “a nombre de quién?” respondi Murilo, “como?”, Murilo, como en la novela. “a si, Murilo”. Outra foi que no princípio da minha estada, ao chegar de viagem, queria usar o telefone público do aeroporto e fui procurar onde vendiam ficha telefônica. Só que não sabia dizer o equivalente a ficha em espanhol. Só depois de algum tempo entenderam e me explicaram que os telefones públicos de lá faziam chamadas locais gratuitas. Também demorou para entender o que era o tal “té de tilo”. Só deu o estalo quando associei “tilo” com “tillen” em alemão, que nada mais é que camomila. E cortar o cabelo é uma aventura.

Murilo Pagani disse:

Faaala Murilo, beleza?

Realmente, não é tão simples quanto parece!
E a questão do nome eu passo o mesmo… hahahaha
(E também passei a falar Murillo)… hehehe

Obrigado por compartilhar sua experiência!

Abração

Marcos Altran disse:

Na hora rola um aperrêio, mas depois damos risada…
Estou indo para a Riviera Maia em Abril.
Vamos ver se o “espanhol’ que estou aprendendo com um aplicativo dá conta… Certeza que vou voltar com história pra contar aqui…
Abração.
Marcos

Murilo Pagani disse:

Não é?! hahaha
É uma região incrível, Marcos!
Se não der conta a mímica resolve… hehehe

Abração!

cristina disse:

Muito bom os dois relatos. Parabéns! Quem nunca passou por um perrengue desses né…kkkkk

Murilo Pagani disse:

Não é?!
hahahaha

Que bom que gostou! xD

Karina Cruz disse:

Quando fui em 2015 para a Argentina, houveram duas situações ahaha meu Espanhol e dos amigos que foram comigo era zero ahah então sempre recorríamos ao Portunhol. No restaurante, minha amiga pediu uma soda (refrigerante de limão) e o garçom trouxe água com gás. Sem entender nada, imaginamos que ele havia trazido a água para acompanhar a marguerita que pedimos, mas isso também não fazia sentindo. Depois de uns minutos tentando explicar para o garçom, descobrimos que refrigerante se chama gaseosa.
Outra situação foi no momento de comprar um bilhete para andar de ônibus. Imaginávamos que seria como no Brasil, onde compra-se o passe do metrô, por exemplo, e vc já pode utilizar. Só que o bilhete que compramos na real precisava ser carregado para que passasse no ônibus. Além disso, teríamos que ir à uma loja do outro lado da rua para carregar o bilhete em uma máquina kkkk o problema é que, por mais óbvio que hoje me pareça, na hora ninguém sabia o que significava “Cargar”kkkkk. Por fim, uma pessoa cansada de ouvir nossa discussão com o rapaz do caixa, nos pegou pela mão e nos levou até a máquina do outro lado da rua.

Murilo Pagani disse:

Rindo demaaais com a história do refrigerante! ahhahaha

O jeito é dar risada dos nossos micos por aí, né Karina?!

Abraço!!