Muitas pessoas ainda não consideram a possibilidade de viajarem sozinhas. Aliás, já escrevi alguns textos sobre esse assunto.
Constatei em alguns e-mails que recebi que essa dúvida é, na maioria das vezes, de mulheres. Muitas me questionaram se era seguro se hospedar em quartos compartilhados nos hostels, por exemplo.
Para esclarecer um pouco dessas dúvidas, a Ellen Chen, leitora do blog e que conheci pessoalmente na Nicarágua, topou participar de um bate papo para contar sua experiência.
Ellen, desde já muito obrigado pela sua colaboração!
» Em quais países você já esteve viajando sozinha?
Percebeu alguma diferença em relação ao tratamento das pessoas nos diferentes países?
Comecei a “mochilar” no Rio de Janeiro, em Ilha Grande.
Foi a primeira viagem sozinha. Depois disso, as escalas só foram aumentando, e com elas, a ousadia e a experiência também.
Considero como meu primeiro mochilão a viagem para o Atacama. Me apaixonei pelo deserto e foi aí que eu perdi as rédeas e não parei mais.
Também fui para Cataratas na Argentina. Foi nessa viagem que eu comecei a apelar para trajetos de ônibus a fim de não depender exclusivamente das caras passagens de avião em épocas de feriado.
Mas também não é só isso. Eu gosto de viajar por via terrestre para aproveitar e apreciar as lindas paisagens que uma viagem de avião não proporciona.
Apesar de ter sido um intercâmbio, fui para Vancouver sozinha, e, de lá, para Victoria, Calgary, Seattle e Chicago. A viagem para a província de Alberta também foi de ônibus.
A viagem que fiz de Santiago a Mendoza também foi por terra e foi uma experiência maravilhosa poder ver as cadeias montanhosas, passar pelos Andes e pelo Aconcágua.
Além disso, também viajei sozinha para o Equador, a Colômbia e alguns países da América Central.
Os tratamentos das pessoas nos diferentes países são diversos. Dizem que os países latinos são mais receptivos e carinhosos, e boa parte disso é verdade.
No Canadá e EUA, por exemplo, o tratamento era mais sério, às vezes, muito formal, mas nem por isso as pessoas deixavam de prestar auxílio e suporte.
Em Taiwan o povo é simpático, mas não é comum receber as pessoas com beijos e abraços.
Posso dizer que, no geral, em alguns países o tratamento é mais frio, e isso não quer dizer que seja desrespeitoso. Em outros, mais caloroso, sensível e carinhoso, e nem por isso você pode confiar cegamente.
» Quais problemas ou perrengues você já enfrentou por aí?
Estava relacionado pelo fato de você ser mulher?
Não encontrar lugar para ficar e não conseguir comprar passagem de ônibus são coisas básicas de uma viagem, portanto, não considero essas situações alguma forma de perrengue.
Também não tive problemas muito sérios, até agora, pelo fato de ser mulher. Hoje em dia, é comum encontrar mulheres viajando sozinhas.
Porém, um fato que realmente me incomodou, principalmente na América Central, foi ver o comportamento dos homens após eu dizer que sou do Brasil.
Eu não sei que tipo exato de juízo fazem da mulher brasileira, mas em diversas ocasiões enfrentei o olhar pejorativo dos homens, seguido da pergunta “Sabes bailar samba?”, após informar que eu sou brasileira. Parece que eles acham que o fato de você ser brasileira lhes dá o direito de botar a mão, faltar com respeito.
O verdadeiro perrengue mesmo foi andar com pessoas, sem saber que elas portavam drogas, e ser abordada pela polícia. Portanto, tomar cuidado com determinadas companhias é realmente importante.
A diversidade cultural é grande em viagens e o que eu considero grave pode ser fato do cotidiano para a outra pessoa.
E, nem sempre, essas diferenças podem trazer problemas apenas para as mulheres viajando sozinhas.
Leia também: 11 conselhos valiosos para quem vai viajar sozinho
» Já sofreu algum tipo de preconceito por estar viajando sozinha?
Não muito porque as pessoas que eu normalmente encontro em viagens estão na mesma onda que eu e, cada vez mais, é mais comum mulheres viajando sozinhas.
Em algumas ocasiões, pelo contrário, as pessoas me olham com admiração pela coragem de viajar desacompanhada.
Ainda assim, existem outras pessoas que se orientam por convenções sociais de que você precisa estar sempre acompanhada, e quando não está, acham que você é sozinha no mundo, não tem amigos, não tem família, daí vem o preconceito.
E, na verdade, não. Eu estou sozinha e muito feliz.
» Você se hospeda em quartos compartilhados ou couchsurfing?
Até agora em quartos compartilhados. Ainda estou em vias de experimentar o AirBNB e o Couchsurfing, mas confesso que ainda tenho receio de experimentar este último.
» Você acha seguro viajar sozinha?
Totalmente seguro não é.
Mas uma coisa é fato: quando você está sozinha a atenção e vigilância é redobrada e maior. Afinal, quando você está com outra pessoa, você relaxa e, às vezes, deixa que ela tome conta de tudo.
É aí que mora o perigo.
Como eu sempre leio muito antes de fazer algum trajeto, não acho inseguro mulheres viajando sozinhas. Além disso, sempre encontramos alguém no caminho.
» O que você diria para outras mulheres que querem viajar assim mas não tem coragem?
Estar disposta a aprender inglês, espanhol ou outro idioma ajuda muito, tanto para buscar informação quanto para se socializar.
Ler muito sobre o lugar antes de viajar é outra forma de garantir uma certa segurança e uma aproximação da realidade local.
Além disso, buscar informações em fóruns de mochileiros e ler reviews, no meu conceito, são algumas das melhores formas de se conhecer a realidade do lugar.
Por fim, saber compartilhar e cozinhar é válido, principalmente, quando você está em um hostel.
Também já aconselhei algumas pessoas no sentido de começar com viagens menores, de distâncias mais curtas. Com o tempo a experiência e a ousadia vêm e, automaticamente, viagens maiores entram em pauta.
E o céu é o limite!
©Crédito das fotos a Ellen Chen
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