Como bom introvertido que sou, nunca me senti incomodado em passar horas, dias e até semanas inteiras somente com a minha companhia. Pelo contrário, sempre gostei muito desses momentos.
Porém, tenho que admitir que uma das minhas preocupações quando decidi fazer a minha primeira trip sozinho, era se um mês inteiro somente comigo não me faria cair em tédio durante a viagem.
Ficava pensando se não sentiria falta de uma pessoa para tomar uma cerveja, jogar conversa fora ou até mesmo papear durante um passeio ou outro. Enfim, alguém para compartilhar esses momentos de estrada.
Mesmo um pouco inseguro, decidi que não diminuiria o tempo de viagem por causa disso. E hoje, fico feliz por ter tomado essa decisão.
Afinal, assim que cheguei ao primeiro hostel onde ficaria nessa viagem, me dei conta de que ficar sem companhia mesmo viajando sozinho, seria apenas uma escolha, e não uma condição.
Amigos de viagem: Os “estranhos” que o destino coloca em nossos caminhos
Como em 90% das vezes que viajo acabo me hospedando em hostel, o roteiro é basicamente o mesmo: lá estou eu conversando com algum funcionário do hostel sobre o que conhecer na cidade, e chega outro hóspede que quer saber a mesma coisa. Ou então, um hóspede que já está lá a mais tempo e sabe como me ajudar.
Independente de qual seja a situação, essa é a deixa para acontecer a clááássica apresentação dos hostels: “De onde você é?”, “Quanto tempo vai ficar/está na cidade?”, e talvez, “Como você se chama?“.
Exatamente nessa ordem.
Após essa detalhada apresentação, já nos sentimos íntimos o bastante para convidar e ser convidado a tomar uma cerveja, sair pra comer alguma coisa ou até mesmo se juntar a um grupo maior de hóspedes – leia-se outros desconhecidos – que estão discutindo animadamente sobre política internacional ou sobre como exageraram com a bebida na noite anterior.
Se decido me juntar ao tal grupo, talvez tenha uma pausa na discussão para que eu possa me apresentar, mas não necessariamente. Muitas vezes, apenas puxo uma cadeira, escuto com atenção sobre o que estão conversando, e começo a falar também.
Papo vai e papo vem, e chega a hora de decidirmos o que fazer – seja naquele momento, ou o que será feito no dia seguinte.
Talvez o grupo se separe, pois enquanto alguns querem dormir cedo para aproveitar o outro dia, outros querem curtir à noite.
Mas sem problemas, ninguém se estressa por causa disso.
Não é necessário fazer política de boa vizinhança e muito menos votação para decidir aonde todos irão. Quem quer comer vai comer, quem quer beber vai beber e quem quer dormir vai dormir. Simples assim e sem ressentimentos.
Leia também: Viajar e suas consequências, algumas verdade que você deve saber
E o tempo continua passando.
Até aquele momento em que percebo que essas pessoas com quem estou me divertindo, vivendo os momentos inesquecíveis da minha viagem, e que parecem ser meus amigos de infância, na realidade entraram na minha vida há poucas horas atrás.
Estranho? Engraçado? Peculiar? Defina essa situação como você preferir. Afinal, isso de pouco importa.
No dia seguinte aquela preocupação de que eu poderia me sentir entediado durante uma viagem sozinho, já não existe mais. Para falar a verdade, nem acredito que pude imaginar uma coisa dessas.
Por horas, dias, semanas, e quem sabe a vida inteira, tenho alguns amigos que nunca imaginei que teria. Alguns, inclusive, são de lugares que eu nunca tinha ouvido falar.
E a cada dia da viagem são mais e mais pessoas que entram na minha vida.
Tem aquela que me cede um lar através do Couchsurfing, aquela que me ajuda na rua quando preciso de alguma informação, e aquela outra que conheço em uma viagem de mais de 15 horas dentro de um ônibus, mas que logo depois de chegarmos ao nosso destino, cada um pega um caminho diferente e nunca mais nos encontramos.
Aliás, essa é uma das duras realidades dos amigos de viagem. Mesmo trocando Facebook e Whatsapp para mantermos contato a distância, tenho plena consciência de que dificilmente terei a oportunidade de reencontrar todos eles ao vivo outra vez.
Alguns eu já reencontrei, outros com certeza ainda verei, mas todos, todos é bem improvável.
E ainda assim, são essas pessoas que fazem as minhas viagens valerem a pena. Afinal, são elas que estão nas fotografias junto comigo quando pego um álbum para recordar de alguma trip. São elas que merecem o meu eterno agradecimento, por fazerem minhas viagens serem repletas de momentos incríveis e de histórias que valem a pena ser lembradas muitas e muitas vezes.
São vocês, meus amigos de viagem, e da vida, que me fazem concordar cada vez mais com a frase do escritor Tim Cahill: “Uma viagem deveria ser medida em amigos feitos e não em milhas percorridas.”
Amei seu texto e viajei ao ler cada letra, cada frase formada e visualizei na cena ..
É um despertar de interação.. pessoas que passam em nossas vidas e levam um pouco de nós e sempre deixam um pouco de si não é?
E que venham muitas e inúmeras viagens pela frente esse mundo de Deus! Somos todos um.
Abraços
Oi, Silvana, tudo bem?
Fico feliz em saber que gostou do texto.
De fato, concordo com as suas palavras!
Abraço
100% me identifiquei! Amigos que mesmo longe, estão perto. Amigos de um dia que valem uma vida. =]
Exatamente Patricia!!!
Que bom que gostou!
🙂 🙂 🙂
Abraço
Olá. Me identifiquei muito com o texto. Concordo plenamente. Aquele friozinho na barriga da véspera da viagem por um possível tédio, desaparece antes de desfazer as malas hahah. Parabéns pela mensagem.
Não é ?!
hahahaha
Que bom que gostou!
🙂
Abraço
O que achei do post? Adorei! Me incentivou cada vez mais a viajar sozinha e conquistar novos amigos, mesmo que um dia nunca mais os veja. Parabéns, seu texto fluiu e foi muito gostoso de ler.
Que bom que gostou Gisele!!!
Fico meeeega feliz em saber!
🙂
Abraço